Cacá deixa futuro em aberto após treta com companheiro F.Baptista

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Realizada neste fim de semana em Mogi Guaçu, a etapa do Velocitta da Stock Car, a antepenúltima de 2023, foi marcada por fortes críticas de Gabriel Casagrande e Cacá Bueno ao jovem Felipe Baptista após as provas deste domingo no interior de São Paulo.

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No fim da corrida 1, Casagrande rumava para um bom terceiro lugar no circuito paulista, mas foi passado por Baptista nos estágios finais da disputa interiorana e saiu do carro irritado após a conclusão das atividades de pista, reclamando do rival. Assista ao ‘lance’:

Já na corrida 2, também no final do certame, Felipe voltou a se lançar na briga pela posição final do pódio, mas acabou se envolvendo em acidente com Bueno, seu companheiro na estrutura da KTF Sports.

Enquanto Cacá levou a pior, Baptista ‘prevaleceu’ na disputa interna da equipe de Cotia e celebrou seu segundo top 3 seguido, mas o piloto de 20 anos acabou punido pelo toque no pentacampeão e caiu para nono. Veja o lance no vídeo abaixo:

Bueno ‘mandou recado’ para a escuderia e não poupou críticas a Felipe. “Toque infeliz, indesejado, que expõe dificuldades que a gente tem dentro do time. Porque não fez sentido nenhum, não fez sentido nenhum…”.

“O Felipe é sempre um piloto que força demais as ultrapassagens, sempre. Não sou [só] eu que estou dizendo, se você passar pelo grid aqui e perguntar, o Gabriel reclamou do incidente da corrida 1 também”, afirmou Bueno ao Motorsport.com. Mas e Casagrande?

Gabriel Casagrande

Photo by: Rodrigo Guimarães

Gabriel Casagrande

Gabriel, da Mattheis Vogel, endossou o discurso de Cacá, seu ex-companheiro de Crown. “Ele (Baptista) não está disputando nada [em termos de briga por título]. Eu estou. Então, ele vai arriscar, eu não posso. É risco que não precisa ser tomado”, disse à reportagem.

“Então, acabei perdendo uma posição. [É] um homem que às vezes precisa mostrar resultado e acaba tomando um risco desnecessário. Não seria muito legal para a imagem dele mexer numa disputa de título não estando na disputa, então tem que pensar nisso.”

“Acho ele um menino que é um dos melhores da geração, a gente já viu ele fazer coisas maravilhosas dentro do carro, fazer pole quando não estava com o melhor carro… Então, é um cara que tem um futuro brilhante -se tiver cabeça. Ainda sou novo mas tenho muita experiência: fiz as mesmas besteiras e levei puxão de orelha de caras que têm títulos.  Lembro de uma ocasião com o Cacá: são coisas que marcam e a gente vai evoluindo.”

“Talvez, quando ele (Felipe) tiver minha idade (28) ele veja isso e perceba também que às vezes não precisa tomar tanto risco. É meio complicado para um menino que está todo ano lutando para continuar na categoria… Espero que todos aqui tenham sucesso, mas a gente só quer que seja uma competição justa e leal, e às vezes acaba saindo desse campo da lealdade”, seguiu Casagrande, campeão de 2021 e líder da temporada 2023.

“Sabendo que essas coisas podem acontecer, a gente vai para a próxima etapa já tentando fugir disso, mas sabendo que pode acontecer de novo…”

“Nós [que brigamos por título] temos que tomar mais cuidado, porque nós estamos em uma posição em que a gente não pode tomar risco. Faz parte do jogo… esperava que fosse diferente, mas a gente sabe o que pode acontecer. A única coisa que posso fazer é respirar fundo, mas, sabendo que essas coisas podem acontecer, a gente vai para a próxima etapa já tentando fugir disso. Mas, sabendo que pode acontecer de novo”, disse.

Questionado sobre se achava que Felipe deveria ter sido punido também pelo incidente da corrida 1, Gabriel foi direto: Não, mas porque eu tirei o carro. Ele seria [punido] se eu tivesse deixado [o carro]: ele bateria em mim. Se eu tivesse deixado o carro ia dar batida forte. Prefiro perder três pontos de uma posição para outra do que perder 19. Se eu tivesse deixado [o carro] seria pior pra todos: ele punido e eu perderia pontos preciosos”.

Cacá ‘detona’, revela irritação alheia com Felipe e ‘manda recado’ à KTF

Cacá Bueno e seu pai, Galvão Bueno

Photo by: Bruno Terena

Cacá Bueno e seu pai, Galvão Bueno

Segundo Bueno, “uns quatro pilotos vieram reclamar do Felipe. Em outros momentos, outros pilotos vieram reclamar do Felipe. É sempre um piloto que se joga demais e ‘é bonito pro público ver’ porque parece que ele está fazendo uma ultrapassagem, mas ele se joga. Se você vê que ele se jogou e você abrir, ele te passa…. Mas ele se joga no momento em que, se você fizer a trajetória normal, vai ter o acidente. Vai ter o acidente!”.

“No momento em que ele se jogou na freada, pensei: ‘Cara, vou fazer minha trajetória normal’. Você vê ele por dentro e ainda se apoiando no meu carro, ou seja, mesmo tendo um obstáculo na frente, nem assim ele consegue parar e fazer a curva. Ele não ia ‘parar’ naquela curva: se ele não tem meu carro à frente, ele passa reto… Quer dizer, ele se jogou completamente na freada.”

“Se você analisar a corrida, ele fez isso comigo em quatro ou cinco freadas antes do incidente. Em todos os momentos, ele, mesmo estando muito longe, puxava para uma linha interna, tentando um mergulho completamente louco e me obrigando a trazer também para uma linha interna e perder contato com os dois primeiros. Se eu não posso confiar num companheiro, vou confiar em quem?”, ponderou o pentacampeão da Stock.

“Então, isso expõe muito o que tem sido a dificuldade na troca de informação com alguns companheiros, principalmente com o Felipe. É um menino com quem já conversei várias vezes, mas claramente ele não põe a mão na consciência. Hoje seria um terceiro e quarto lugar na corrida… A gente está dentro da mesma estrutura! Tenho quase certeza que se ele espera uma volta, ele me passava, porque estava mais ‘forte’ que eu no final.”

“É a manobra clássica dele, todo mundo sabe, todo mundo se irrita, porque, quando você decide não deixar ele passar, não há uma disputa: há batida”

“O que ele talvez esperava é que, mais uma vez, quando ele se joga, que o cara da frente olhasse no retrovisor e abrisse para ele passar. É a manobra clássica dele, todo mundo sabe, todo mundo se irrita com isso, porque, quando você decide não deixar ele passar, não há uma disputa: há uma batida. Sempre que o da frente não deixa ele passar, há uma batida, não há uma disputa.”

“Não estou disputando campeonato, eu não ia simplesmente, num momento de pódio, numa corrida em que eu liderei várias voltas e consegui expor quão rápido a gente estava, eu não ia fazer simplesmente uma manobra para ele passar. Foi o que o Gabriel fez para brigar pelo título. Essa é a manobra clássica dele (Felipe), faz isso o tempo todo, a corrida inteira, em todas as corridas… E não irrita só a mim, vem irritando muita gente.”

O Motorsport.com perguntou ao piloto de 47 anos se ele conversou com Felipe após a etapa. “Não, de jeito nenhum. Já conversei com ele mais de dez vezes durante o ano, não vou conversar de novo… A equipe precisa de um mínimo de harmonia para caminhar em paz. Eu e o Digo [Baptista], por exemplo, temos relacionamento ótimo. Vamos tratando de ano que vem continuar juntos, seja aqui ou seja em outro lugar”, respondeu Cacá.

“A gente tem que sentar com calma com a chefia e conversar se nosso caminho é aqui. A gente acredita que ambiente é tudo”, completou Bueno, cuja versão sobre o acidente foi contestada por Baptista, que também falou sobre o incidente com Casagrande.

“Quem está reclamando de mim faz igual ou até pior”, ironiza Felipe

Felipe Baptista

Photo by: Rodrigo Guimarães

Felipe Baptista

Baptista se defendeu: “Os dois lances são de disputa pelo pódio. Na corrida 1, com o Casagrande, era a última tentativa. Eu tinha feito uma corrida muito boa, com chance de brigar pelo pódio, então eu não podia desperdiçar: ele deixou a porta aberta, então só aproveitei a oportunidade… Acabou que, de última hora, ele acabou tentando defender, mas eu já tinha ido para a manobra, não tinha mais como tirar o carro”.

“Houve um toque ali no final da freada, fez com que o meu carro travasse um pouco a roda traseira, mas ele continuou em quarto, só perdeu a posição pra mim, não sei o que tem de errado, enfim…”.

“No toque com o Cacá foi basicamente a mesma situação: era a penúltima volta da prova, fui pra cima, tinha só mais um push, estava tentando tudo ou nada. Eu já tinha começado a pensar a manobra muito antes, então, na curva 5, duas antes da que a gente teve o toque, eu já estava planejando isso, então fiz ele frear mais por dentro pra sair pior (mais lento)”, relatou Felipe à reportagem.

“Na curva seguinte, fiz também ele fazer por dentro pra que ele não conseguisse fazer de forma rápida, e na saída eu já coloquei por dentro dele, então eu já estava com o carro posicionado por dentro dele. Não sei se ele não me viu ou algo do tipo, mas acabou que ele veio me fechando, me fechando, e eu não tinha espaço mais, não tinha como ir para a grama. Se eu fosse para a grama com certeza ia ser pior ainda do que foi.”

“Então, fui até a linha branca, até o limite de onde podia ir… na hora que eu cheguei na linha branca ele continuou vindo e acabou tendo o toque. Ele acabou perdendo o controle e fez com que eu também perdesse ali um pouco de tempo. Foi isso. Com o Cacá não conversei, a gente vai conversar. Acho que é muito mais fácil a gente analisar tudo para depois realmente cobrar alguma coisa um do outro”, seguiu Baptista.

“O pessoal fala essas coisas um pouco para ‘tirar o deles da reta’, mas a gente está numa categoria extremamente disputada: se não quer toque, desculpa…” 

“Acho que ele só não entendeu que eu já estava com o carro posicionado no lado dele, então veio me fechando. Como eu já estava do lado dele, não tinha como eu frear e tirar o pé. Ali não foi questão de agressividade, foi questão de ele não querer perder a posição do pódio. Acho que o pessoal fala essas coisas um pouco pra tirar o deles da reta, mas a gente está numa categoria extremamente disputada: se não quer toque, desculpa…”.

“Eu recebo toque de todo mundo, fiquei várias corridas parando de tentar fazer isso (manobras mais ousadas) justamente porque as pessoas estavam reclamando dessa atitude. Quando parei, tomei porrada e saía da corrida, perdendo muitas posições e etc… Então só decidi parar de ser o bonzinho e começar a fazer igual todos fazem na categoria, porque isso é unanimidade”, defendeu-se.

“As pessoas que estão reclamando de mim fazem igual ou até pior, acho que eles tentam dar uma intimidada, mas, como eles fazem igual, não tem muito o que fazer. Eles não foram campeões sendo bonzinhos… Eu quero ser campeão, então vou ser agressivo.”

“Acho que o Cacá tem maturidade suficiente para a gente lidar com essa situação de uma forma boa, resolver e seguir pra frente de uma forma normal. Então, acho que não vai ficar clima ruim, é conseguir resolver isso de uma forma legal e fazer com que a gente consiga ter resultados bons também nas próximas corridas”, completou Felipe em entrevista ao Motorsport.com, que cobre a temporada completa da Stock Car Pro Series.

Classificação do campeonato depois de dez etapas:1º – Gabriel Casagrande, 279 pontos2º – Felipe Fraga, 2483º – Thiago Camilo, 2444º – Rubens Barrichello, 2375º – Daniel Serra, 2316º – Rafael Suzuki, 2217º – Ricardo Zonta, 2058º – Gianluca Petecof, 2049º – Ricardo Maurício, 19010º – Guilherme Salas, 18411º – Felipe Baptista, 18012º – Cesar Ramos, 17813º – Nelson Piquet Jr., 17514º – Felipe Massa, 15715º – Matías Rossi, 15616º – Átila Abreu, 13217º – Julio Campos, 12618º – Lucas Foresti, 12519º – Gaetano Di Mauro, 12020º – Dudu Barrichello, 11721º – Cacá Bueno, 11522º – Bruno Baptista, 11323º – Allam Khodair, 11124º – Denis Navarro, 8925º – Marcos Gomes, 8526º – Rodrigo Baptista, 6227º – Sergio Jimenez, 5828º – Enzo Elias, 5529º – Lucas Kohl, 4330º – Tony Kanaan, 2931º – Felipe Lapenna, 1032º – Arthur Leist, 933º – Rafael Martins, 634º – Antonio Junqueira, 435º – Raphael Teixeira, 436º – Diego Nunes, 2*pontuação extraoficial

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