Barrichello lamenta perda de Gil de Ferran:“Não dá para entender”

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Gil de Ferran fez parte de uma geração talentosa do automobilismo brasileiro, dividindo pistas com grandes nomes como Tony Kanaan, Helinho Castroneves e Rubens Barrichello, em sua curta passagem pelas categorias europeias. Em depoimento exclusivo ao Motorsport.com, um emocionado Barrichello falou sobre a importância do amigo Gil para o esporte e em sua vida.

Antes de seu sucesso no automobilismo norte-americano, de Ferran passou o final dos anos 1980 e o começo da década de 1990 na Europa, buscando seguir o caminho em direção à F1, competindo em categorias como a Fórmula 3 Britânica e a Fórmula Internacional 3000.

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Apesar de já terem se conhecido no Brasil, a trajetória dos dois na Europa era muito interligada, segundo Barrichello.

“Nós corremos juntos de Fórmula Opel, de Fórmula 3, Fórmula 3000. Ele correu junto comigo em todos os campeonatos. E ele me considerava muito, porque eu corri, eu ganhei em Fórmula Opel, eu ganhei em Fórmula 3, ele ganhou Fórmula 3 no ano seguinte que eu ganhei”.

“Mas o Gil tinha 5 anos a mais que eu, então ele conhecia muito da Inglaterra, ele já namorava a Angela, então ele mostrou muito dali para a gente. Tem uma foto que tem o Gil, tem o [Oswaldo] Negri, aquele grupo era muito unido”.

Abatido com a morte do amigo, Barrichello lembrou da última conversa que teve com Gil, enquanto disputava o Mundial de Kart, que mostrou uma característica importante do ex-piloto e como ele aplicava isso em seu momento atual da carreira, como consultor da McLaren.

“O Gil era uma pessoa ultra do bem, uma pessoa que ligava para você. Na última mensagem que ele me mandou, ele falou assim: ‘o que é isso que você fez que foi primeiro tempo?’. Eu falei que estava Bahrein, no Mundial [de Kart]. E ele falou: ‘você tá louco, meu, toma cuidado’”.

“Ele se preocupava com as pessoas. Ele falava que eu era completamente louco, que ele nunca viu ninguém gostar tanto de corrida. Então o envolvimento dele com a corrida já não era mais com o fato de guiar, era usar toda a cabeça, toda a sabedoria, toda a paciência, toda a engenharia para ajudar os outros. Como ele vinha fazendo agora com a McLaren”.

“O Gil era do bem, era uma pessoa que você ficava feliz de encontrá-lo na pista, num restaurante, uma pessoa que sempre estava rindo. A risada dele era extravagante, e era uma risada que cativava, sabe?”.

Barrichello fala ainda sobre o choque que sentiu ao descobrir sobre a morte de Gil e como as pessoas ao redor lidaram com a notícia.

“Então, é muito duro ver ele partir, porque não dá para entender. Eu desejo toda a minha energia positiva para que os filhos e a Angela possam aceitar com o coração. Isso mostra que, cada vez mais, a gente precisa viver o que tem para viver, com todo o aprendizado, podendo ajudar as pessoas, podendo realmente refletir sobre tudo isso”.

“Mas o Gil deixou um buraco muito grande, muito grande. Ontem quando eu fiquei sabendo, eu liguei para o Tony, ele não estava sabendo. Eu liguei para o Edu Bassani, que não estava sabendo. E na hora que meus filhos também ficaram sabendo, foi um choque enorme”

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