Jovem com doença rara é exemplo de superação e amor às corridas

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Carros na pista têm o poder de transcender o esporte, faz com que qualquer pessoa carregue sonhos de uma vida. Realizá-los é algo diferente, mais difícil, e as algumas barreiras podem limitar essa busca.

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Para Cadu Campos, de apenas 16 anos, a leucomalácia periventricular, uma doença degenerativa que, apesar de tratável, atinge em boa parte os membros inferiores, não é impeditiva para suas metas. Hoje ele tem um canal no YouTube com entrevistas com os maiores protagonistas do esporte a motor brasileiro e agora conseguiu patrocínios para cobrir de maneira completa a temporada de 2024 da Stock Car.

Em Goiânia, palco da primeira etapa, Cadu era facilmente visto em vários boxes, sempre entrevistando os protagonistas do campeonato e parou alguns minutos para falar com o Motorsport.com.

“Tudo começou quando eu tinha sete anos de idade, era bem pequeno”, iniciou Cadu, explicando a paixão pelas corridas. “Eu acompanhava as coisas da Fórmula 1 e sempre tive o sonho de conhecer Interlagos.”

“Comecei a acompanhar as corridas quando Lewis Hamilton dominava. Falei com minha mãe e conseguimos conhecer o autódromo na semana do GP do Brasil de F1. Queria ir muito na corrida e ela conseguiu conhecer uma pessoa que nos levou para conhecer os pilotos. Tirei foto com eles, mas quem eu queria mesmo conhecer era o Lewis. Conheci o Hamilton em 2018, quando eu tinha 10 anos e é um momento que eu guardo para a minha vida toda.”

Cadu voltaria a encontrar Hamilton no ano passado, com o heptacampeão mundial fazendo questão de atendê-lo na porta do Autódromo de Interlagos durante o fim de semana do GP de São Paulo, em um momento de surpresa e emoção para o garoto e sua mãe, que sempre o acompanha.

Gianluca Petecof e Cadu Campos em Goiânia

Photo by: Acervo pessoal

Outros sonhos

Além de conhecer e ser reconhecido o seu maior ídolo, Cadu já definiu o seu futuro. O jovem revelou que seu próximo sonho é se tornar um jornalista profissional, para cobrir as principais categorias do Brasil e do mundo.

“Quando o bichinho (do automobilismo) pica, não tem como sair mais, aí eu comecei a acompanhar a Copa Truck, Stock Car, outras categorias e aí estou agora cobrindo a categoria a partir do meu canal, Nas Pistas com Cadu.”

“O canal surgiu pela minha paixão pelo automobilismo, pelo que aconteceu em 2018, então foram várias questões envolvidas que foram se juntando e as histórias que eu tive dentro do esporte que eu carrego com muito carinho.”

Para concretizar este sonho, Cadu precisa lutar também em outras frentes, como a constante dedicação para conseguir a melhor mobilidade possível. Ele explicou como lida com ela e como o automobilismo ajuda neste processo.

“Eu nasci com leucomalácia, que é uma doença que afeta os membros inferiores, então eu ando muito com os joelhos dobrados, mas faço pilates, fisioterapia para poder melhorar cada dia a minha caminhada, para um dia, quem sabe, poder andar de muletas. Eu tento ser o mais independente possível.”

“Como minha mãe diz, o automobilismo é meu remédio natural. Estar aqui já é muito legal e me motiva. Ver as histórias, é sim uma motivação para mim.”

Ídolos

Além Hamilton, Cadu também fala que tem Ayrton Senna como ídolo. No jornalismo, porém, um nome que raramente se aventurou nas pistas, mas que sempre o ajudou: Mauro Naves.

O repórter – hoje comentarista dos canais ESPN – comentou a amizade com o garoto.

“O Cadu é um anjo que eu conheci há alguns anos e ele sempre foi interessado por esportes, além de apaixonado por automobilismo do que para o futebol. Ele disse há alguns anos para mim que um dia ele seria jornalista esportivo.”

“Eu achava que iria ficar apenas num sonho de garoto, mas estou vendo o progresso dele, do tempo que eu o conheci para cá, de como as coisas estão funcionando, e hoje eu acho que já é uma realidade, ele vai ser um grande jornalista esportivo, com certeza, e vai me encher de orgulho, ainda mais que ele diz que me tem como inspiração. Eu fico imensamente feliz porque, repito, esse é um anjo que merece ser muito feliz e vai ser um ótimo profissional também.”