[ad_1]
Após meses de deliberação, a FIA oficializou a aprovação da candidatura da Andretti para a Fórmula 1. Mas isso não significa que a entrada está garantida, com o time americano ainda precisando fechar um acordo comercial com a FOM para finalizar o processo.
E esse deve ser o maior desafio para a Andretti; mesmo já tendo provado à FIA seu mérito nos campos desportivo, técnico e financeiro, fechar um acordo com a Formula One Management será difícil, já que as dez equipes do grid irão pressionar a detentora dos direitos comerciais.
Afinal, as equipes possui seus interesses, bombardeando qualquer perspectiva de novas entradas sob a vigência do Pacto de Concórdia atual, que determina uma taxa anti-diluição bem menor do que elas esperam.
Essa taxa está determinada em 200 milhões de dólares para novas equipes possam ser admitidas no grid. Isso será dividido entre os times já existentes, recebendo 20 milhões cada. A taxa é, efetivamente, uma forma de subsidiar qualquer perda potencial de renda do fundo de prêmios, direitos de transmissão e patrocínios que a chegada de uma 11ª equipe acarretaria.
Devido à crescente popularidade da categoria, as equipes existentes vêm deixando claro que, em sua visão, essa taxa deveria ser ajustada para 600 milhões de dólares. Naturalmente estas estão pensando em seus próprios interesses.
Para parafrasear as reações mais abertas dos chefes de equipe, algumas aceitaria entradas adicionais se ajudarem suficientemente a “crescer o bolo”. A inclusão da Andretti agrega ao ‘pote’ geral da F1 em vez de simplesmente tirar dinheiro das demais.
Já outros acreditam que a única forma de preservar o equilíbrio atual da F1 é que uma nova entrada compre uma equipe já existente e, caso isso não seja possível, fazer o que…
Nos últimos meses, ouvimos outras alegações absurdas para se colocarem contra novas entradas. Christian Horner, da Red Bull, chegou a sugerir inclusive que a F1 não poderia aceitar uma nova equipe porque alguns paddocks pelo mundo não teriam espaço para uma 11ª entrada. E disse isso enquanto um time de filmagem agindo como 11ª equipe ocupava uma garagem extra…
A Andretti chegou a tentar a compra de uma equipe, chegando bem próximo de um acordo com a Sauber em 2021, mas a negociação colapsou por não concordarem com o percentual de ações que seriam mantidas para os donos originais.
Colton Herta, Andretti Autosport w/ Curb-Agajanian Honda
Photo by: Jake Galstad / Motorsport Images
No passado, a FIA e a FOM se uniam na decisão sobre a admissão de novas equipes, mas há divergências evidentes nas abordagens de ambas as partes no processo desse ano. Mohammed ben Sulayem, presidente da FIA, sempre deixou claro seu interesse em acrescentar (pelo menos) uma nova equipe ao grid, algo que não acontece desde 2016 quando a Haas chegou à categoria e antes do colapso da Manor.
Por isso, a FIA concordou em abrir um processo seletivo para novas entradas para 2025 ou 2026, o que daria uma boa janela de tempo para as novatas. Afinal, 2026 traz mudanças em larga escala para o campeonato.
Mas a FOM vem atuando de forma mais cautelosa sob o CEO Stefano Domenicali, que vinha sendo contra a entrada de uma nova equipe desde o começo do processo, algo ecoado pela maioria das equipes.
Apesar de ter recebido o ok da FIA, a Andretti tem agora um grande trabalho pela frente: convencer a FOM de que tem algo para agregar à FIA. Há vários fatores que criam uma proposta irresistível, mas os investidores da F1 podem sentir que a equipe está apenas falando da boca para fora.
Um critério é que a FOM esperava usar o regulamento de 2026 para atrair mais montadoras fornecedoras de motores para a F1. As regras atuais, introduzidas em 2014, atraíram apenas a Honda; já as de 2026 trouxeram a Audi, enquanto a Ford colocou seu nome no projeto da Red Bull Powertrains.
A Andretti atraiu a sua própria montadora, mesmo que não necessariamente como fornecedora. A GM resolveu apoiar o projeto através da Cadillac, uma marca que, para além de seus sedans de luxo, vem criando uma boa reputação no mundo do esporte a motor.
Expandir para a F1 aumenta ainda mais o tom americano da equipe, algo que a Andretti esperava usar como ativo para ajudar a expandir a popularidade do esporte nos EUA.
Isso é algo que a Haas não está tentando capitalizar, com as referências americanas na equipe sendo, no mínimo, neutralizadas. Efetivamente, ela é uma equipe anglo-italiana, com poucas referências às listras e estrelas (da bandeira dos EUA).
Fréderic Vasseur, chefe da Ferrari, colocou como argumento contra a entrada de uma nova equipe a questão da nacionalidade, citando que a F1 já tem um time americano. Mas será que a abordagem da Haas cai bem com o público norte-americano?
Talvez pelo reconhecimento de marca, devido à Stewart-Haas Racing da NASCAR. Mas está longe de ter o mesmo patamar da Andretti.
Cadillac logo
Photo by: Art Fleischmann
É mérito total da Andretti ter conseguido uma parceira do nível da GM, mesmo que não seja como fornecedora de motores Cadillac nos primeiros anos. Mas um pode argumentar que a Ford está simplesmente bancando a operação da Red Bull Powertrains para 2026 em vez de assumir a bucha…
A F1 veria valor na dupla Andretti-Cadillac somente pelo nome, especialmente com os EUA tendo três corridas no calendário e a presença da equipe atrair o público.
Mas o negócio vai além do nome. A FIA claramente viu valor no projeto técnico também. Podendo contar com engenheiros veteranos da F1 como Nick Chester e John McQuilliam, a Andretti tem o know-how técnico para garantir um bom futuro. A marca também investiu em infraestrutura nos EUA para acomodar o design e a construção de um carro de F1, com certas áreas baseadas na Inglaterra.
Há rumores de que a Andretti terá apoio da Gainbridge, parte da gigante do mundo financeiro Group 1001 e sua patrocinadora na Indy. Caso isso se confirme, já deixará à mostra o poder que a Andretti teria no mercado americano.
Mas será que tudo isso seria suficiente para provar o “valor agregado” que a Andretti traria à F1, como Domenicali tanto gosta de falar?
No final, a Andretti terá que mostrar seus relatórios financeiros, valor das marcas que já possui listada em apoio e torcer para que seja recebida com entusiasmo na F1.
Mas isso depende de como a FOM lidará com o processo de admissão sob o Pacto de Concórdia atual, que vence no fim de 2025. Nesse período, a Andretti poderá brigar para manter a taxa anti-diluição em 200 milhões de dólares. Para 2026 e além, esse valor deve subir vertiginosamente.
A pressão das equipes já existentes podem tornar as coisas ainda mais difíceis, influenciando a posição da F1 nas negociações com a Andretti. Não será algo simples, que pode durar meses. Se tivermos uma resolução em algumas semanas, com a Andretti tendo a liberação para entrar em 2025, sem dúvidas será o maior choque da F1 desde o anúncio-surpresa da aposentadora de Nico Rosberg em 2016. Talvez seja até maior, devido ao discurso negativo que temos hoje.
Será difícil para a Andretti. A FOM também se colocou em uma posição na qual, se não ceder, deixará a impressão de que está dominada pelas equipes existentes, sendo que algumas têm um valor questionável em suas formas atuais.
Sim, a Andretti pode fazer tudo direitinho e mesmo assim morrer na praia. Mas isso não seria culpa da equipe, com a pressão para a F1 recuar a termos acordados anteriormente podendo ser um fator determinante.
Se houver queixas legítimas sobre o projeto da Andretti, então a FIA provavelmente já as teria encontrado através de seu próprio processo – e se a equipe for negada pela FOM por razões nebulosas, pouco justificadas, misteriosas, isso abre a perspectiva de litígio, o que seria um fim feio para circunstâncias anteriormente salubres.
Andretti Autosports logo
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
Quer fazer parte de um seleto grupo de amantes de corridas, associado ao maior grupo de comunicação de esporte a motor do mundo? CLIQUE AQUI e confira o Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube. Nele, você terá acesso a materiais inéditos e exclusivos, lives especiais, além de preferência de leitura de comentários durante nossos programas. Não perca, assine já!
Podcast debate tensão interna na Mercedes e até quando Pérez ‘sobrevive’ na Red Bull
ACOMPANHE NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE:
Faça parte também do nosso canal no WhatsApp: clique aqui e se junte a nós no aplicativo!
[ad_2]
Link da fonte