O norte-americano Logan Sargeant, da Williams, é o atual detentor da única vaga na Fórmula 1 que ainda está indefinida para 2024, mas depois que uma série de contratempos colocou o futuro do piloto em dúvida, ele precisa provar seu valor.
Até porque o competidor tem alguns concorrentes óbvios na briga pela titularidade de 2024, como o brasileiro Felipe Drugovich, atual campeão da F2 e reserva da Aston Martin, e o alemão Mick Schumacher, ex-Haas F1 e hoje reserva da Mercedes — além deles, o dinamarquês Frederik Vesti.
Mas Logan ainda tem seis GPs para garantir seu lugar no grid e, apesar da demonstração pública de fé do chefe da Williams, James Vowles, é óbvio que Sargeant terá de melhorar seu desempenho frente ao companheiro anglo-tailandês Alex Albon, além de evitar batidas (mais no vídeo abaixo).
Quando um time contrata um novato, sabe que pagará um preço à medida que o recém-chegado percorre a inevitável curva de aprendizado. Mesmo o novo astro da McLaren, o australiano Oscar Piastri, que recentemente foi ao seu primeiro pódio no Japão, teve dificuldades no começo do ano.
Infelizmente para Sargeant, seus incidentes no ano de estreia foram muito mais numerosos do que a média. Para piorar, as dificuldades naturais do primeiro semestre não foram resolvidas na metade complementar da temporada, pelo menos até agora. E isso é o que dificulta mais a vida de Logan.
Sargeant admitiu abertamente seus erros
Foto de: Steven Tee / Motorsport Images
Neste sentido, é interessante observar as quatro corridas desde a pausa da F1 em agosto. Ele fez um bom trabalho em Zandvoort, mas teve um acidente grave no Q3 da classificação e, em seguida, saiu de pista novamente na corrida, embora em um incidente causado por uma falha hidráulica.
Depois de um fim de semana limpo em Monza, ele bateu na corrida de Singapura, embora tenha conseguido voltar a andar. Então, em Suzuka, depois de mostrar um ritmo decente nos treinos, ele teve outro acidente na classificação, o que provocou uma troca de chassi e uma largada no pitlane. Na corrida, ele ainda bateu no finlandês Valtteri Bottas, da Alfa Romeo, o que levou a uma penalidade e a um abandono precoce devido a um assoalho quebrado.
O GP do Japão, combinado aos incidentes ocorridos no início do ano, culiminou em muitos danos consideravelmente caros que afetaram o fluxo de novas peças da Williams. Além disso, Logan ainda não contribuiu para o total de pontos do time, ao passo que Albon marcou todos os 21 até agora.
O erro não forçado de Sargeant em Cingapura precedeu outra batida em Suzuka, aumentando a conta dos danos
Foto de: Williams
Embora a Williams tenha uma vantagem sobre Haas, Alfa Romeo e AlphaTauri, não será preciso muito para que rivais se aproximem. E um lugar perdido no campeonato de construtores custará caro.
O lado bom é que Sargeant nunca se esquivou de seus erros, mesmo quando as circunstâncias tornaram sua vida difícil. Mesmo quando Albon confirmou que a última curva de Suzuka também tinha sido difícil para ele, Logan não quis desviar a culpa, acrescentando: “Acho que era uma curva com muito vento, o superaquecimento da traseira estava presente, eu sabia que era difícil. Mas, no final das contas, isso não é desculpa. Pode ter sido complicado, mas não há motivo”.
A situação, claro, representa um desafio para Vowles, que chegou à Williams muito depois de seu antecessor, Jost Capito, ter contratado Sargeant. No entanto, o chefe da escuderia insiste que está apoiando totalmente o americano e, tendo trabalhado muito com jovens pilotos na Mercedes, entende os desafios que eles enfrentam. “Logan tem metas muito claras que precisa atingir antes do final da temporada e estamos trabalhando com ele continuamente”, afirmou o britânico.
“Esse é o ponto importante – estamos trabalhando com ele. Queremos que ele tenha sucesso e que esteja no carro no próximo ano. Isso também depende muito de nós. Pegamos alguém diretamente da F2 sem nenhum teste significativo, colocamos essa pessoa em um dia e meio [de testes de pré-temporada] no Bahrein com esse carro e depois desejamos a ela o melhor em uma temporada que tem sido terrivelmente desafiadora para pilotos novatos.”
Vowles deu seu apoio público a Sargeant
Foto de: Erik Junius
Vowles também destacou que, em Suzuka, Albon estava um passo à frente em termos de atualizações, devido ao impacto dos acidentes de Sargeant na produção. “Mas continuaremos a trabalhar com Logan e a investir nele, pois queremos que ele tenha sucesso”, disse James.
“Ele está em uma jornada conosco. Temos um programa de jovens pilotos no qual continuaremos a investir. Somente no momento em que todos nós chegarmos à conclusão de que chegamos ao fim do caminho é que tomaremos alguma decisão. Mas ainda não estamos nem perto disso”, garantiu.
Mas, por mais que a equipe queira apoiar Sargeant, há um quadro maior por trás da decisão, além dos custos relativos às batidas de Logan, e tudo isso será levado em conta quando Vowles e seus pares considerarem as opções.
A boa notícia para o titular é que não há nenhum júnior ou reserva dentro da equipe Williams que tenha impulso e esteja pronto para assumir seu lugar. Mas há outros pilotos cujos nomes estão circulando pelo paddock, notadamente Drugovich e Schumacher, sendo que o último pode chegar com um pequeno empurrão da Mercedes, que fornece as unidades de potência para o time de Grove.
Se a Williams optar por Felipe, ela estará começando mais uma vez um novo ciclo com um novato, ainda que ‘Drugo’ tenha ido bem em seus testes com carros de F1. Já Mick, que perdeu sua vaga na Haas depois de uma segunda temporada cheia de batidas em 2022, ainda tem muito a provar.
Felipe Drugovich, Aston Martin F1 Team
Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images
O neozelandês Liam Lawson também foi especulado, mas faz pouco sentido para a Red Bull emprestar um piloto que é o reserva para suas duas equipes e que poderia tirar pontos da AlphaTauri, pela qual o jovem vem correndo na vaga do lesionado Daniel Ricciardo, da Austrália.
A Williams não tem necessidade de agir rapidamente, pois não há vagas em outro time para nenhum dos candidatos e, portanto, Sargeant tem algum ‘espaço’ para respirar nas próximas corridas. E o lado bom é que ele conhece Austin, México e Interlagos dos treinos livres de 2022.
A familiaridade com Abu Dhabi também pode ajudar, já que o norte-americano fez testes para novatos em Yas Marina no ano passado e em 2021, além do TL1 de 2022 da prova de F2 no autódromo. Por outro lado, a forte concorrência certamente adicionará pressão em Sargeant.
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